Gatos e humanos: uma longa história de companheirismo

Os gatos conquistaram os lares e o carinho dos brasileiros. Segundo o Censo Pet, o número de gatos no país já alcança 27,1 milhões. Nas últimas décadas, esses animais têm ficado cada vez mais populares em todo o mundo.

O que contribuiu para o aumento dos gatos hoje?

Esse fenômeno acontece por várias razões, desde o melhor entendimento sobre o comportamento dos gatos, a divulgação dos benefícios que eles trazem para a saúde mental até a facilidade de ter um gato em ambientes urbanos.

Os gatos são fáceis de lidar, gostam de independência e se adaptam bem a espaços pequenos, o que os torna uma escolha atraente para muitas famílias. Esse aumento na popularidade destaca como é importante criar ambientes interessantes e cuidar bem dos gatos para garantir uma convivência saudável.

Mas engana-se quem pensa que essa relação começou recentemente. Os felinos têm estado ao lado dos humanos desde os tempos antigos, formando uma conexão emocional que dura milênios. Isso mostra como essa relação é duradoura e especial. 

Confira um pouco dessa história abaixo!

Gatos no Antigo Egito

Uma das primeiras evidências documentadas da convivência entre gatos e humanos remonta ao Antigo Egito, onde esses animais eram venerados e associados a divindades. Boudarel (2010) destaca que gatos eram representados em artefatos, túmulos e textos egípcios, mostrando sua importância na sociedade daquela época. Eram considerados protetores da casa e da família, simbolizando não só habilidades de caça, mas também de proteção divina.

Gatos na Idade Média

Durante a Idade Média, os gatos enfrentaram sentimentos mistos em relação à sua presença nas casas das pessoas. Embora fossem às vezes apreciados por suas habilidades em caçar pragas, especialmente ratos que infestavam cidades e vilarejos, esses animais também eram frequentemente associados a práticas supersticiosas e, por vezes, eram perseguidos. Clarke (2003) explora como essas atitudes foram moldadas por crenças culturais, resultando em uma fase desafiadora para os felinos na história.

Gatos no Renascimento

Com o Renascimento, a visão sobre os felinos começou a mudar. As superstições deram espaço ao reconhecimento da utilidade dos gatos na caça de pragas, como ratos e camundongos. Essa habilidade tornou-se valorizada em uma época em que as infestações eram comuns e representavam uma ameaça à saúde e à segurança alimentar.

Segundo Driscoll et al. (2009), a domesticação dos gatos ocorreu de forma autônoma, à medida que eles se aproximavam de assentamentos humanos para aproveitar a abundância de presas associada à agricultura. Essa proximidade gradual resultou em uma parceria, onde os gatos ofereciam seus serviços para caçar roedores, protegendo os estoques de alimentos, enquanto os humanos forneciam um ambiente seguro e comida.

Esse processo criou uma relação especial entre gatos e humanos, caracterizada pela independência dos gatos e pela habilidade deles se adaptarem bem a ambientes domésticos. Isso destaca esse período como um momento importante na evolução da relação entre humanos e gatos.

Gatos na Revolução Industrial e urbanização

A Revolução Industrial e o aumento da urbanização tiveram um grande impacto na relação entre gatos e humanos. Hale (2019) explica como as mudanças na sociedade influenciaram a forma como os gatos eram vistos e incluídos nas famílias. Antes, eram reconhecidos principalmente como caçadores eficientes de pragas urbanas, mas ao longo do tempo, os gatos não apenas desempenharam um papel funcional, mas também se tornaram companheiros valorizados. 

As personalidades independentes dos felinos, juntamente com a capacidade de oferecer conforto emocional, contribuíram para uma integração mais profunda dos gatos nas famílias durante esse período de mudança social, marcando uma nova fase de convivência.

Gatos na atualidade

Atualmente, os gatos são animais de estimação muito queridos ao redor do mundo. O número de gatos em lares vem crescendo, mostrando o aumento do apreço pela companhia desses animais. Sua presença é apreciada por serem carinhosos e por se adaptarem bem a ambientes urbanos.

Podemos observar que a convivência entre humanos e felinos ao longo dos séculos foi marcada por mudanças culturais, sociais e emocionais. Desde a adoração no Antigo Egito até o apreço contemporâneo, os gatos continuam a desempenhar um papel crucial na vida das pessoas. Essa história diversificada não apenas acompanha a evolução da sociedade, mas também destaca a profunda ligação emocional que une humanos e gatos ao longo da história.

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Referências:

Boudarel, P. (2010). Cats in Ancient Egypt. In S. Milewski (Ed.), The Cat in Ancient Egypt

(pp. 7–27). Warsaw: Archaeopress.

Clarke, A. (2003). Strays: A Study of Human-Animal Relations. Ashgate Publishing.

Driscoll, C. A., Macdonald, D. W., & O’Brien, S. J. (2009). From Wild Animals to Domestic

Pets, an Evolutionary View of Domestication. Proceedings of the National Academy of

Sciences, 106(Suppl 1), 9971–9978.

Hale, B. J. (2019). Cat Nation: A Political Economy of the Domestic Cat. New York: Routledge.